A Catedral de Notre-Dame, atingida por um incêndio na ultima segunda-feira (15/04), é um dos símbolos de Paris e abriga um tesouro arquitetônico e artístico que atrai 13 milhões de turistas todos os anos. Foto: Adrienn – Pexels

Além de sua famosa arquitetura gótica, a igreja destaca-se também por suas pinturas, esculturas e vitrais tidos como obras-primas. Seu grande órgão é um dos instrumentos mais conhecidos do mundo no gênero.

A construção do templo dedicado à Virgem Maria (Notre-Dame quer dizer, em português, Nossa Senhora) levou 180 anos: de 1163, quando começou a ser erguido, a 1345.

Localizada na Île de la Cité (uma pequena ilha no centro de Paris, rodeada pelas águas do rio Sena), a catedral foi restaurada diversas vezes em seus mais de oito séculos de existência.

A “ressurreição” da construção começou em 1844, guiada pelos arquitetos Eugène Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassuss. A restauração se estendeu durante mais de duas décadas.

Entre 1990 e 1992, o alvo da restauração foi o grande órgão da catedral. O site oficial do templo cita que também foi promovida uma limpeza na fachada que durou mais de dez anos.

Paris celebrou o 850º aniversário da Catedral de Notre-Dame de 12 de dezembro de 2012 a 24 de novembro de 2013. Segundo as contas dos franceses, o templo tem hoje entre 855 e 856 anos.

Notre-Dame e a história

Foto: Steve Wilson – Pixabay

Pela Catedral de Notre-Dame passaram importantes figuras da história não só da França. A Rádio França Internacional destaca os seguintes eventos:

  • Na década de 1450, correu em Notre-Dame o processo de reabilitação de Joana d’Arc (1412-1431), que havia sido queimada.
  • Foi em Notre-Dame que Henrique IV se casou em 1572 com Marguerite de Valois, a Rainha Margot, convertendo-se ao catolicismo. O plano era acabar com a guerra entre católicos e protestantes.
  • Em 1789, durante a Revolução Francesa, uma multidão subiu a fachada da igreja para destruir as cabeças das estátuas. Com o gesto, a população usava essas “cabeças de pedra”, que remetiam à guilhotina, para demostrar insatisfação.
  • Em 1804, Napoleão Bonaparte foi sagrado imperador Napoleão I na catedral.
  • Em 1831, Victor Hugo lançou o livro “O corcunda de Notre-Dame”(ou “Notre-Dame de Paris”). É nas torres da catedral que se escondia o famoso personagem Quasímodo.
  • Quando acabaram as duas guerras mundiais, já no século 20, Notre-Dame abrigou as celebrações com cantos religiosos que marcaram o fim dos conflitos.
  • Há uma ordem que teria sido dada por Adolf Hitler antes da ocupação nazista na França, na Segunda Guerra: “Destruam tudo, mas poupem Paris e Notre-Dame”.
  • Os sinos de Notre-Dame anunciaram a liberação da França da ocupação nazista, em 25 de agosto de 1944.

As obras de arte de Notre-Dame

Foto: Kris Schulze – Pexels

O site oficial da Catedral de Notre-Dame lista cinco destaques dentre as obras de arte da igreja:

  • Órgãos: há três em Notre-Dame, e eles são descritos como “um dos principais elementos da vida litúrgica e musical da catedral”, por contribuir “para a beleza dos espaços e para a influência espiritual e artística” do local. O principal é conhecido como Grande Órgão, que tem “cinco teclados, 109 peças e quase 8 mil tubos, e é provavelmente o mais famoso do mundo”.
  • Sinos: o material de divulgação lembra que a memória coletiva associa os sinos de Notre-Dame a Quasídomo, o corcunda da história criada por Victor Hugo. Na verdade, ao longo da história, sucederam-se “clérigos e leigos, grandes e pequenos sineiros, garotos e pessoas recrutados para ajudá-los” na tarefa.
  • Pinturas: elas são as grandes “Mays” (encomendadas anualmente de 1630 a 1707 e entregues sempre em maio, daí o nome; eram em homenagem à Virgem Maria); uma pintura que retrata São Thomás de Aquino e a Fonte da Sabedoria, atribuída a Antoine Nicolas e concluída em 1648; e a obra “Visitation”, que fica na parede oeste da capela Saint-Guillaume e foi feita em 1716 por Jean Jouvenet.
  • Estátuas: dentre elas a “Notre-Dame de Paris” (Nossa Senhora de Paris), que mostram uma Madona segurando um menino nos braços; Santo Antônio de Pádua, que fica na capela de Saint-Ferdinand; a Santa Teresa de Lisieux esculpida em tamanho real em 1934 por Louis Castex; as obras na parede do coro, realizadas de 1300 a 1350 por três artistas (Pierre de Chelle, Jean Ravy e Jean Le Bouteiller).
  • Vitrais: as três janelas rosas da catedral são descritas como “uma das maiores obras-primas do cristianismo” (o diâmetro de uma delas é de 12,90m, e a altura da claraboia chega perto de 19 m); Les vitraux du cloître (as janelas do claustro); e Les verrières hautes de la nef (as janelas altas da nave), reformadas em 1965.

Detalhes da arquitetura de Notre-Dame

Foto: Ken Hunter – Pixabay

O site oficial da Catedral de Notre-Dame lista sete pontos de destaque da arquitetura do edifício:

  • La façade occidentale (A Fachada Ocidental): com dimensões imponentes (41 m de largura, 43 m de altura e 63 m no topo das torres), ela tem quatro poderosos contrafortes que sobem até o topo das torres e os elevam para o céu. “Eles nos dizem simbolicamente que esta catedral é construída para Deus.”
  • La flèche (A Flecha): construída em 1860, esta torre sineira a 93 metros do solo tem as estátuas de cobre que representam os 12 apóstolos e os quatro evangelistas. Tem 500 toneladas de madeira e 250 toneladas de chumbo. No topo, fica o galo com três relíquias – uma parte da Santa Coroa de Espinhos, uma relíquia de Saint Denis e outra de Saint Geneviève. Infelizmente, a estrutura desabou após o incêndio.
  • La charpente (O Quadro): a estrutura interna feita em carvalhos tem mais de 100 metros de comprimento, 13 de largura na nave, 40 no transepto e 10 de altura.
  • Le Portail du Jugement (O Portal do Julgamento): ocupa o espaço central da fachada ocidental e foi instalado entre os anos 1220 e 1230. Simboliza o Juízo Final conforme no “Evangelho de São Mateus”.
  • Le Portail Sainte-Anne (O Portal de Sainte-Anne): este foi instalado por volta de 1200, portanto antes dos outros dois que ficam na fachada.
  • Le Portail de la Vierge (O Portal da Virgem): ocupa o espaço à esquerda da fachada ocidental e foi instalado entre os anos 1210 e 1220, logo depois do Portal de Sainte-Anne e antes do Portal do Julgamento. “Ele traça, segundo a tradição da Igreja, a morte de Maria, sua ascensão ao Paraíso e sua coroação como Rainha do Céu”, diz o texto.

O incêndio

O fogo que atingiu Notre-Dame na ultima segunda-feira pode estar ligado às obras que vinham sendo feitas no telhado do edifício. A torre central estava rodeada por um andaime.

No final da semana passada, as 16 estátuas de cobre que ficavam no alto da catedral haviam sido retiradas do telhado por um guindaste.

Com três metros de altura e pesando cerca de 150 kg cada uma, as obras representam os apóstolos e os quatro evangelistas.

A previsão era de que as estátuas, após a restauração, voltassem a ser exibidas entre o final de setembro e o início de dezembro, antes de que fossem reinstaladas no telhado. Esta seria a primeira restauração em mais de um século.

Uma reportagem publicada em 2017 pelo jornal “The New York Times” descrevia a deterioração da Catedral de Notre-Dame.

Não eram sinais evidentes, mas havia gárgulas (estátuas ornamentais de monstros) quebradas e parapeitos deteriorados, com remendos feitos com madeira.

Não havia risco de colapso, de acordo com o texto, mas era preciso reformar – e a estimativa de custo era de cerca de 150 milhões de euros (cerca de R$ 655,5 milhões, pela cotação atual).

Fonte: G1

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